domingo, 22 de maio de 2022

1º Sermão em Oseias, Thiago R. Monteiro

Oseias (הוֹשֵׁעַ), foi um grande profeta que viveu em Israel, e foi contemporâneo dos profetas Amós, Miqueias e Isaías. O livro de Oseias, é o primeiro do grupo classificado como “ Profeta Menores”, e é o mais extenso deles. O conteúdo do livro, que desperta assombro para alguns e ânimo para outros, é totalmente urgente e necessário; denuncia pecados, falsos mestres, falsos profetas, e sacerdotes inadimplentes, além de mostrar a iniquidade de toda a nação.

Vídeo da pregação do Sermão👇

Vemos o juízo de Deus sendo prenunciado e executado, mas, bendito seja Deus, notamos também a misericórdia dEle sendo graciosamente derramada, e os pecados perdoados. O livro, nos chama todo o momento, em cada frase, ao arrependimento. Pecado, arrependimento, e misericórdia seriam termos adequados para resumir este livro em poucas letras.

O profeta nos mostra que além de se corromperem com a imoralidade e idolatria, o povo deixara Deus de lado e buscava auxilio ora com a Assíria, ora com o Egito; por tais motivos, o SENHOR os pune, corrige e exorta.

O livro de Oseias, para alguns, não conta uma história literal da vida do autor, mas seria apenas uma alegoria ou parábola, isto porque lemos em suas páginas, sobre a relação deste profeta com uma prostituta, uma mulher dada à lascívia e a imoralidade sexual; e ainda mais que isto, tudo por ordem divina. Mas, veremos ao longo da exposição que não há porque duvidar da literalidade dos fatos descritos, e nem da participação de Deus ao lingo desta história, lembremos que o SENHOR Deus, nada faz sem um propósito bom, verdadeiro e justo; confiemos nEle pois.

Oseias, não foi convocado apenas para falar ao povo, mas para ser ele mesmo um representante do amor divino; Deus demonstrou seu amor para com o povo idolatra e imoral através da sua vida.

הוֹשֵׁעַ significa “Deus salva ou salvação”, era um nome muito comum naqueles dias, e assim também fora chamado o último rei do Reino do Norte. Este nome, é equivalente a Josué ou Jesus. Até nisto vemos, que no seu nome, a sua missão estava clara.

Verso 1;
“Palavra do SENHOR, que veio a Oseias, filho de Beri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel”

O texto já se inicia, mostrando que não foi Oseias quem se autoproclama profeta, nem cria a sua mensagem, nem decide o conteúdo da mensagem; mas a “Palavra do SENHOR, que veio a Oseias”. Ele era um profeta porque assim Deus o quis. Não ouve méritos nele para que Deus o convocasse. Não era uma vontade particular de Oseias ser profeta, mas foi um chamado divino. E ao ser chamado, ele não endurece o coração ou rejeita a voz de Deus, mas obedece e cumpre seu dever. Ele muda seus planos e projetos para viver aquilo que Deus quer que ele viva.

Como nos diz o escritor de Hebreus “ Hoje, se ouvirdes a sua voz, não enduereçais os vossos corações”.

Não possuímos mais detalhes acerca da família de Oseias, apenas estas descritas no próprio livro. Nos é dito que ele foi contemporâneo destes reis mencionados no verso. Oseias, vivencia tanto a melhor quanto a pior fase do povo de Israel. Viveu no longo reinado de Jeroboão II no Reino do Norte, e nos reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias no Reino do Sul. Ambos os reinos, estavam desfrutando de fartura, paz e prosperidade. Havia desenvolvimento na agricultura, como nos é mostrado em 2 Crônicas 26, fortalecimento militar, ampliação das fronteiras no reino do Norte, e grande riqueza interna. Mas, com toda esta prosperidade, o povo estava empobrecendo espiritual e moralmente. Após o governo de 41 anos de Jeroboão II, o qual foi o último grande e forte rei de Israel, a nação começava a sofrer as consequências de seu descaso com o SENHOR. Houve agitações internas, traições, surtos de anarquia e assassinatos no palácio.

Todo este cenário, fez com que a nação buscasse apoio e ajuda com a Assíria, e também com o Egito. Esses contatos com nações pagãs, fizeram Israel se curvar diante de Baal.

Vemos, que com tanta riqueza e prosperidade material, a frieza espiritual levava o povo a uma pobreza em relação as coisas de Deus.

Verso 2;
“O princípio da palavra do SENHOR por meio de Oseias. E o SENHOR disse a Oseias: Vai, toma para ti uma mulher de prostituições, e filhos de prostituições; porque a terra cometeu grande prostituição, afastando-se do SENHOR.”

Deus o ordena a tomar uma mulher como esposa. Mas uma mulher de prostituições. A maior dificuldade para alguns de aceitar este relato como literal e histórico, é a ordem divina para que o profeta tome para si, uma esposa prostituta e imoral. Há alguns comentaristas, que dizem que ela não era prostituta quando Oseias se casa com ela, mas que tinha inclinações para a imoralidade, e só depois de casar, se torna adúltera e prostituta. Esta interpretação, parece nos agradar mais, porém não é o que encontramos no texto bíblico. O texto diz com todas as letras, que ela, já era “uma mulher de prostituições, e de filhos de prostituições” antes de se casar com Oseias. O objetivo deste casamento ordenado por Deus, era ilustrar a relação de Israel para com o SENHOR. Israel, tirado por Deus do Egito já idolatra e imoral, entra em um pacto com o SENHOR, e viola este pacto. A idolatria do povo de Israel é demonstrada no adultério e prostituição da mulher de Oseias. Israel estava se prostituindo com outros deuses, e mais especificamente com Baal, e assim, estava traindo sua aliança com o SENHOR; Israel será ilustrada pela mulher de Oseias, e Deus será ilustrado na pessoa de Oseias.

Bom destacar, que apesar do texto usar esta mulher, não está se referindo somente as mulheres de Israel, mas a todos os israelitas; homens e mulheres.

A idolatria aqui é comparada ao adultério e a prostituição. Ao adulterar, ou seja, envolvendo-se ilicitamente para obter prazeres (materiais ou de outra natureza) com outros deuses, cometesse idolatria, pois estaria se relacionando com outros deuses. A prostituição pode ser entendida também como uma troca de um bem superior por algo inferior apenas por ganancia, seja material ou não. Israel estava trocando a companhia, o amor, o zelo, a proteção e salvação divina, coisas que são superiores, por dinheiro, prosperidade, e prazeres triviais, coisas inferiores. Por isso ele diz “porque a terra cometeu grande prostituição, afastando-se do SENHOR”

Verso 3;
“Então ele foi e tomou Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu, e lhe deu um filho”.

Agora, lemos sobre a mulher que Oseias toma para si como esposa. O texto não traz muitos detalhes acerca dela. Mas notemos que Oseias obedece a ordem de Deus, e o texto não descreve qual foi o estado emocional e sentimental dele para com esta mulher. Nada nos é dito sobre o que sentia o profeta. Tiramos disto outra lição importante; independente de nosso sentimento ou emoção, a vontade do SENHOR deve ser cumprida. A fé não é sobre sentimentos, surtos de emoção, ou coisas do gênero, mas é uma resposta à voz de Deus. Deus nos comunica algo, e devemos crer no que ele nos diz. Gostemos ou não. E ainda mais; devemos agir de acordo com o que ele nos fala. Devemos sujeitar nossos sentimentos, desejos e emoções ao SENHOR, pois ele usa tais coisas para o louvor da sua glória; mesmo que momentaneamente não percebamos e não entendamos. Creiamos no SENHOR! A sua Palavra jamais volta para si vazia, mas cumpre o propósito para o qual foi enviada.

O texto nos diz que ela concebe e lhe dá um filho. Este filho, é o único, provavelmente que de fato era de Oseias. Os demais filhos não está claro se eram de Oseias, ou eram filhos das suas prostituições; e no verso 4 do capítulo 2 nos é dito sobre os filhos de suas prostituições e adultérios.

Este primeiro filho, claramente era de Oseias, pois é usado o “lhe” para se referir ao bebê; “lhe deu um filho”. Nos outros dois relatos da gravidez e do nascimento dos filhos, apenas se diz que ela “concebeu” e que “deu à luz”. Nada é dito se Oseias era o pai. O verso nos diz apenas poucos detalhes sobre esta mulher. Era filha de Diblaim, e tinha por nome Gomer. O nome dela, Gomer, em hebraico significa falhar, e muitas vezes consumir. Poderíamos fazer uma alegoria entre o nome dela e a conduta do povo; Assim como ela iria falhar diante de Deus e consumir-se com suas prostituições, do mesmo modo Israel falhava e quebrava os mandamentos divinos e estava prestes a ser consumido pelo seu desvio e idolatria.

Verso 4;
“E disse-lhe o SENHOR: põe-lhe o nome de Jezreel; porque daqui a pouco vingarei o sangue de Jezreel sobre a casa de Jeú, e farei cessar o reino da casa de Israel. ”

Deus é quem diz qual o nome da criança. Jezreel significa “Deus espalhará”. E este nome, não foi um qualquer mais trata-se de um nome carregado de significado histórico; o massacre realizado por Jeú contra Acabe. Jezreel era o local onde Jéu tinha chegado ao trono, ao reino de Israel. Mas ele chegou ao poder através de uma grande carnificina. Deus, era contrário à Acabe e Jezabel, e sim, quis que Jéu o retirasse do trono; mas não tinha aprovado tamanho massacre. Além disso, Jéu e os seus filhos que o sucederam no trono, nada fizeram para remover a idolatria do meio do povo. Nada fizeram para que a nação se voltasse ao SENHOR. Jéu apenas, retirou o casal que fazia o mal, mas ele mesmo não se importou para que o mal fosse eliminado. Ele se acomoda. Pelo fato dele ter feito o certo, sua hipocrisia não o deixa ver que nada fez de diferente de Acabe ou Jezabel; ele não luta contra as práticas perversas, nem contra a idolatria que só fez se aumentar. Por isso, Deus iria retirar não apenas a sua família do trono, mas também, iria “cessar o reino da casa de Israel”.

(conf. 2Rs 10:29; 2 Rs 9:1-10)

Verso 5;
“E naquele dia acontecerá que quebrarei o arco de Israel no vale de Jezreel.”

Deus, portanto, quebrará o arco de Israel no local do grande massacre feito por Jéu, i.e, o SENHOR anuncia que vai destruir todas as fortalezas, armas e defesas de Israel. Não há arma ou escudo que irá resistir.

Verso 6;
 “E ela concebeu novamente, e deu à luz uma filha. E Deus disse a ele: Põe-lhe o nome de Lo-Ruama; porque eu não mais terei misericórdia da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei. ”

Este segundo filho, igualmente demonstra a situação do povo; desfarecimento. O nome destea filha significa “Não Favor”, ou seja, Desfavorecida. Note que o texto não diz como o anterior “lhe deu um filho”, mas apenas que Gomer “deu à luz”. Parece não ser um filho de Oseias, mas das prostituições e adultérios de Gomer.  Aqui a situação é ainda pior que a anterior, pois, perder o trono, riquezas, bens, é de fato ruim; mas pior ainda é não ter o favor do SENHOR. Deus aqui, declara que não mais usaria de misericórdia para com Israel, e sobre ela afirma que “tudo lhe tirarei”.

Verso 7;
“Mas terei misericórdia da casa de Judá, e os salvarei pelo SENHOR seu Deus, porquanto não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela batalha, por cavalos, nem pelos cavaleiros. ”

Não é que Judá, estava sem pecado, imoralidade e idolatria, mas Deus quis usar de misericórdia temporariamente com ele. Enquanto as maldições e punições divinas cairiam sobre Israel, Deus teria misericórdia de Judá. Mas, no futuro, Judá teria seus pecados cobrados por Deus também. Como o foco da profecia de Oseias era sobre Israel, ele não profetizou contra Judá.

Verso 8 e 9;
“Ora, depois de haver desmamado a Lo-Ruama, ela concebeu e deu à luz um filho. E disse Deus: Põe-lhe o nome de Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus. ”

Aqui o verso, cita que este filho, que ela concebe (e que tudo indica não ser de Oseias), nasce um período após Lo-Ruama, “Desfavorecida” ter sido desmamada. Este termo, indica que o tempo passado entre ela engravidar de novo foi cerca de 2 a três anos. (1 Sm. 1:21-28). Esse tempo que se passa, prova que Deus ainda concedeu mais 2 ou 3 anos para que o povo retornasse a Ele, mas mesmo assim, isso não aconteceu. Mesmo tendo Deus já anunciado duas maldições que sobreviriam a eles.

Este filho, Lo- Ami, que significa “Não Meu Povo” ou “Não é O Meu Povo”, aponta para a mudança de relacionamento de Deus com Israel; a infidelidade, prostituição e idolatria da nação anula a aliança. Vemos que não somente o povo se distanciava e declarava-se não pertencer ao SENHOR, mas que agora o SENHOR também já não os tinha como Ami, “Meu Povo”.

Versos 10 e 11;
“Todavia, o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, o qual não pode ser medido, nem contado; e acontecerá que, no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, ali se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo. Então, os filhos de Judá e os filhos de Israel juntos se congregarão, e constituirão para si uma só cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de Jezreel.”

Quando tudo parece perdido. Ainda assim, Deus anuncia sua maravilhosa salvação graciosa. Em todo o livro de Oseias, vemos uma alternância entre prenúncios de julgamento e promessas de misericórdia/esperança. Aqui Deus retoma as suas promessas aos patriarcas sobre tornar o povo numeroso “como a areia do mar” (Gn. 32:12-13; 15:5). Deus mantém sua promessa aos patriarcas, e por mais perversa que esteja a nação, ele conservará ou levantará remanescentes entre os iníquos. Onde se lhes dizia: “Vós não sóis meu povo, ali se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo”. Isto significa que nações gentias, povos estrangeiros, seriam considerados filhos do Deus vivo. Mas notamos que este milagre da restauração e da salvação é obra exclusiva de Deus: o Deus vivo operará o milagre; Deus quem removerá o coração de pedra e colocará um coração de carne, sensível ao seu ES; e é Deus quem declara a derrota dos Baalins(2:11-12).

O texto diz também que os dois reinos se unirão, e que terão para si “uma só cabeça”, ou seja, um só líder. Este sendo Jesus Cristo. (Sl. 18:43-44). Subir da terra, não fica totalmente claro o seu sentido, mas pode-se muito bem entender como a ressureição espiritual de Israel. O texto encerra proclamando quão grande será este dia quando Deus derramar a sua graça sobre Jezreel, após este ter sofrido as maldições divinas.

Aplicações Práticas:

1. Diante do período de incredulidade em que vivemos, nós os jovens (mas também todos os demais), devemos estar atentos ao que Deus nos ordena a fazer, e fazê-lo sem pestanejar.

2.Deus tem dissipado e confundido a sabedoria deste mundo, por isso vemos que ele é “Lo Ami”, não é o povo do SENHOR. Não devemos seguir os passos e caminhos mundanos e nem nos conformar com eles.

3. Mesmo vivemos em meio a um povo perverso e iníquo, devemos demostrar o amor divino e a misericórdia divina; corrijamos e punamos os erros, mas também demonstremos misericórdia e oremos para que o SENHOR possa restaurá-los. Amém. Soli Deo Glória.


Sermão pregado no domingo pela manhã. no dia 15/05/2022, na Igreja Presbiteriana da Boca do Rio, Salvador-BA.


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