Oseias (הוֹשֵׁעַ), foi um grande profeta que viveu em Israel, e foi contemporâneo dos profetas Amós, Miqueias e Isaías. O livro de Oseias, é o primeiro do grupo classificado como “ Profeta Menores”, e é o mais extenso deles. O conteúdo do livro, que desperta assombro para alguns e ânimo para outros, é totalmente urgente e necessário; denuncia pecados, falsos mestres, falsos profetas, e sacerdotes inadimplentes, além de mostrar a iniquidade de toda a nação.
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Vemos o juízo de Deus sendo prenunciado e
executado, mas, bendito seja Deus, notamos também a misericórdia dEle sendo
graciosamente derramada, e os pecados perdoados. O livro, nos chama todo o
momento, em cada frase, ao arrependimento. Pecado, arrependimento, e
misericórdia seriam termos adequados para resumir este livro em poucas letras.
O profeta nos mostra que além de se corromperem
com a imoralidade e idolatria, o povo deixara Deus de lado e buscava auxilio
ora com a Assíria, ora com o Egito; por tais motivos, o SENHOR os pune, corrige
e exorta.
O livro de Oseias, para alguns, não conta uma
história literal da vida do autor, mas seria apenas uma alegoria ou parábola,
isto porque lemos em suas páginas, sobre a relação deste profeta com uma
prostituta, uma mulher dada à lascívia e a imoralidade sexual; e ainda mais que
isto, tudo por ordem divina. Mas, veremos ao longo da exposição que não há
porque duvidar da literalidade dos fatos descritos, e nem da participação de
Deus ao lingo desta história, lembremos que o SENHOR Deus, nada faz sem um
propósito bom, verdadeiro e justo; confiemos nEle pois.
Oseias, não foi convocado apenas para falar ao
povo, mas para ser ele mesmo um representante do amor divino; Deus demonstrou
seu amor para com o povo idolatra e imoral através da sua vida.
הוֹשֵׁעַ
significa “Deus salva ou salvação”, era um nome muito comum naqueles dias, e
assim também fora chamado o último rei do Reino do Norte. Este nome, é
equivalente a Josué ou Jesus. Até nisto vemos, que no seu nome, a sua missão
estava clara.
Verso 1;
“Palavra do SENHOR, que veio a Oseias, filho de Beri, nos
dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos
dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel”
O texto já se
inicia, mostrando que não foi Oseias quem se autoproclama profeta, nem cria a
sua mensagem, nem decide o conteúdo da mensagem; mas a “Palavra do SENHOR, que
veio a Oseias”. Ele era um profeta porque assim Deus o quis. Não ouve méritos
nele para que Deus o convocasse. Não era uma vontade particular de Oseias ser
profeta, mas foi um chamado divino. E ao ser chamado, ele não endurece o
coração ou rejeita a voz de Deus, mas obedece e cumpre seu dever. Ele muda seus
planos e projetos para viver aquilo que Deus quer que ele viva.
Como nos diz o
escritor de Hebreus “ Hoje, se ouvirdes a sua voz, não enduereçais os vossos
corações”.
Não possuímos mais
detalhes acerca da família de Oseias, apenas estas descritas no próprio livro.
Nos é dito que ele foi contemporâneo destes reis mencionados no verso. Oseias,
vivencia tanto a melhor quanto a pior fase do povo de Israel. Viveu no longo
reinado de Jeroboão II no Reino do Norte, e nos reinados de Uzias, Jotão, Acaz
e Ezequias no Reino do Sul. Ambos os reinos, estavam desfrutando de fartura,
paz e prosperidade. Havia desenvolvimento na agricultura, como nos é mostrado
em 2 Crônicas 26, fortalecimento militar, ampliação das fronteiras no reino do
Norte, e grande riqueza interna. Mas, com toda esta prosperidade, o povo estava
empobrecendo espiritual e moralmente. Após o governo de 41 anos de Jeroboão II,
o qual foi o último grande e forte rei de Israel, a nação começava a sofrer as
consequências de seu descaso com o SENHOR. Houve agitações internas, traições,
surtos de anarquia e assassinatos no palácio.
Todo este cenário,
fez com que a nação buscasse apoio e ajuda com a Assíria, e também com o Egito.
Esses contatos com nações pagãs, fizeram Israel se curvar diante de Baal.
Vemos, que com tanta
riqueza e prosperidade material, a frieza espiritual levava o povo a uma
pobreza em relação as coisas de Deus.
Verso 2;
“O princípio da palavra do SENHOR por meio de Oseias. E o
SENHOR disse a Oseias: Vai, toma para ti uma mulher de prostituições, e filhos
de prostituições; porque a terra cometeu grande prostituição, afastando-se do
SENHOR.”
Deus
o ordena a tomar uma mulher como esposa. Mas uma mulher de prostituições. A
maior dificuldade para alguns de aceitar este relato como literal e histórico,
é a ordem divina para que o profeta tome para si, uma esposa prostituta e
imoral. Há alguns comentaristas, que dizem que ela não era prostituta quando
Oseias se casa com ela, mas que tinha inclinações para a imoralidade, e só
depois de casar, se torna adúltera e prostituta. Esta interpretação, parece nos
agradar mais, porém não é o que encontramos no texto bíblico. O texto diz com
todas as letras, que ela, já era “uma mulher de prostituições, e de filhos de
prostituições” antes de se casar com Oseias. O objetivo deste casamento
ordenado por Deus, era ilustrar a relação de Israel para com o SENHOR. Israel,
tirado por Deus do Egito já idolatra e imoral, entra em um pacto com o SENHOR,
e viola este pacto. A idolatria do povo de Israel é demonstrada no adultério e
prostituição da mulher de Oseias. Israel estava se prostituindo com outros
deuses, e mais especificamente com Baal, e assim, estava traindo sua aliança
com o SENHOR; Israel será ilustrada pela mulher de Oseias, e Deus será
ilustrado na pessoa de Oseias.
Bom
destacar, que apesar do texto usar esta mulher, não está se referindo somente
as mulheres de Israel, mas a todos os israelitas; homens e mulheres.
A
idolatria aqui é comparada ao adultério e a prostituição. Ao adulterar, ou
seja, envolvendo-se ilicitamente para obter prazeres (materiais ou de outra natureza)
com outros deuses, cometesse idolatria, pois estaria se relacionando com outros
deuses. A prostituição pode ser entendida também como uma troca de um bem
superior por algo inferior apenas por ganancia, seja material ou não. Israel
estava trocando a companhia, o amor, o zelo, a proteção e salvação divina,
coisas que são superiores, por dinheiro, prosperidade, e prazeres triviais,
coisas inferiores. Por isso ele diz “porque a terra cometeu grande
prostituição, afastando-se do SENHOR”
Verso 3;
“Então ele foi e tomou Gômer, filha de Diblaim, e ela
concebeu, e lhe deu um filho”.
Agora,
lemos sobre a mulher que Oseias toma para si como esposa. O texto não traz
muitos detalhes acerca dela. Mas notemos que Oseias obedece a ordem de Deus, e
o texto não descreve qual foi o estado emocional e sentimental dele para com
esta mulher. Nada nos é dito sobre o que sentia o profeta. Tiramos disto outra
lição importante; independente de nosso sentimento ou emoção, a vontade do SENHOR
deve ser cumprida. A fé não é sobre sentimentos, surtos de emoção, ou coisas do
gênero, mas é uma resposta à voz de Deus. Deus nos comunica algo, e devemos
crer no que ele nos diz. Gostemos ou não. E ainda mais; devemos agir de acordo
com o que ele nos fala. Devemos sujeitar nossos sentimentos, desejos e emoções
ao SENHOR, pois ele usa tais coisas para o louvor da sua glória; mesmo que
momentaneamente não percebamos e não entendamos. Creiamos no SENHOR! A sua
Palavra jamais volta para si vazia, mas cumpre o propósito para o qual foi
enviada.
O
texto nos diz que ela concebe e lhe dá um filho. Este filho, é o único,
provavelmente que de fato era de Oseias. Os demais filhos não está claro se
eram de Oseias, ou eram filhos das suas prostituições; e no verso 4 do capítulo
2 nos é dito sobre os filhos de suas prostituições e adultérios.
Este
primeiro filho, claramente era de Oseias, pois é usado o “lhe” para se referir
ao bebê; “lhe deu um filho”. Nos outros dois relatos da gravidez e do
nascimento dos filhos, apenas se diz que ela “concebeu” e que “deu à luz”. Nada
é dito se Oseias era o pai. O verso nos diz apenas poucos detalhes sobre esta
mulher. Era filha de Diblaim, e tinha por nome Gomer. O nome dela, Gomer, em
hebraico significa falhar, e muitas vezes consumir. Poderíamos
fazer uma alegoria entre o nome dela e a conduta do povo; Assim como ela iria
falhar diante de Deus e consumir-se com suas prostituições, do mesmo modo Israel
falhava e quebrava os mandamentos divinos e estava prestes a ser consumido pelo
seu desvio e idolatria.
Verso 4;
“E disse-lhe o SENHOR: põe-lhe o nome de Jezreel; porque
daqui a pouco vingarei o sangue de Jezreel sobre a casa de Jeú,
e farei cessar o reino da casa de Israel. ”
Deus é quem diz qual o nome da
criança. Jezreel significa “Deus espalhará”. E este nome, não foi um qualquer
mais trata-se de um nome carregado de significado histórico; o massacre
realizado por Jeú contra Acabe. Jezreel era o local onde Jéu tinha chegado ao
trono, ao reino de Israel. Mas ele chegou ao poder através de uma grande
carnificina. Deus, era contrário à Acabe e Jezabel, e sim, quis que Jéu o
retirasse do trono; mas não tinha aprovado tamanho massacre. Além disso, Jéu e
os seus filhos que o sucederam no trono, nada fizeram para remover a idolatria
do meio do povo. Nada fizeram para que a nação se voltasse ao SENHOR. Jéu
apenas, retirou o casal que fazia o mal, mas ele mesmo não se importou para que
o mal fosse eliminado. Ele se acomoda. Pelo fato dele ter feito o certo, sua
hipocrisia não o deixa ver que nada fez de diferente de Acabe ou Jezabel; ele
não luta contra as práticas perversas, nem contra a idolatria que só fez se
aumentar. Por isso, Deus iria retirar não apenas a sua família do trono, mas
também, iria “cessar o reino da casa de Israel”.
(conf. 2Rs 10:29; 2 Rs 9:1-10)
Verso 5;
“E naquele dia acontecerá que quebrarei o arco de Israel no
vale de Jezreel.”
Deus, portanto,
quebrará o arco de Israel no local do grande massacre feito por Jéu, i.e, o
SENHOR anuncia que vai destruir todas as fortalezas, armas e defesas de Israel.
Não há arma ou escudo que irá resistir.
Verso 6;
“E ela concebeu novamente,
e deu à luz uma filha. E Deus disse a ele: Põe-lhe o nome de
Lo-Ruama; porque eu não mais terei misericórdia da casa de Israel, mas tudo lhe
tirarei. ”
Este
segundo filho, igualmente demonstra a situação do povo; desfarecimento. O nome
destea filha significa “Não Favor”, ou seja, Desfavorecida. Note que o texto
não diz como o anterior “lhe deu um filho”, mas apenas que Gomer “deu à luz”.
Parece não ser um filho de Oseias, mas das prostituições e adultérios de
Gomer. Aqui a situação é ainda pior que
a anterior, pois, perder o trono, riquezas, bens, é de fato ruim; mas pior
ainda é não ter o favor do SENHOR. Deus aqui, declara que não mais usaria de
misericórdia para com Israel, e sobre ela afirma que “tudo lhe tirarei”.
Verso 7;
“Mas terei misericórdia da casa de Judá, e os salvarei pelo
SENHOR seu Deus, porquanto não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela
batalha, por cavalos, nem pelos cavaleiros. ”
Não é que Judá, estava sem pecado, imoralidade e idolatria, mas Deus quis usar de misericórdia temporariamente com ele. Enquanto as maldições e punições divinas cairiam sobre Israel, Deus teria misericórdia de Judá. Mas, no futuro, Judá teria seus pecados cobrados por Deus também. Como o foco da profecia de Oseias era sobre Israel, ele não profetizou contra Judá.
Verso 8 e 9;
“Ora, depois de haver desmamado a Lo-Ruama, ela concebeu e
deu à luz um filho. E disse Deus: Põe-lhe o nome de Lo-Ami; porque
vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus. ”
Aqui o verso, cita que este filho, que
ela concebe (e que tudo indica não ser de Oseias), nasce um período após
Lo-Ruama, “Desfavorecida” ter sido desmamada. Este termo, indica que o tempo
passado entre ela engravidar de novo foi cerca de 2 a três anos. (1 Sm.
1:21-28). Esse tempo que se passa, prova que Deus ainda concedeu mais 2 ou 3
anos para que o povo retornasse a Ele, mas mesmo assim, isso não aconteceu.
Mesmo tendo Deus já anunciado duas maldições que sobreviriam a eles.
Este filho, Lo- Ami, que significa “Não
Meu Povo” ou “Não é O Meu Povo”, aponta para a mudança de relacionamento de
Deus com Israel; a infidelidade, prostituição e idolatria da nação anula a
aliança. Vemos que não somente o povo se distanciava e declarava-se não
pertencer ao SENHOR, mas que agora o SENHOR também já não os tinha como Ami,
“Meu Povo”.
Versos 10 e 11;
“Todavia, o número dos filhos de Israel será como a areia do
mar, o qual não pode ser medido, nem contado; e acontecerá que, no
lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, ali se
lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo. Então, os filhos de
Judá e os filhos de Israel juntos se congregarão, e constituirão para si uma só
cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de
Jezreel.”
Quando tudo parece perdido. Ainda assim,
Deus anuncia sua maravilhosa salvação graciosa. Em todo o livro de Oseias,
vemos uma alternância entre prenúncios de julgamento e promessas de
misericórdia/esperança. Aqui Deus retoma as suas promessas aos patriarcas sobre
tornar o povo numeroso “como a areia do mar” (Gn. 32:12-13; 15:5). Deus mantém
sua promessa aos patriarcas, e por mais perversa que esteja a nação, ele
conservará ou levantará remanescentes entre os iníquos. Onde se lhes dizia:
“Vós não sóis meu povo, ali se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo”. Isto
significa que nações gentias, povos estrangeiros, seriam considerados filhos do
Deus vivo. Mas notamos que este milagre da restauração e da salvação é obra
exclusiva de Deus: o Deus vivo operará o milagre; Deus quem removerá o coração
de pedra e colocará um coração de carne, sensível ao seu ES; e é Deus quem
declara a derrota dos Baalins(2:11-12).
O texto diz também que os dois reinos se
unirão, e que terão para si “uma só cabeça”, ou seja, um só líder. Este sendo
Jesus Cristo. (Sl. 18:43-44). Subir da terra, não fica totalmente claro o seu
sentido, mas pode-se muito bem entender como a ressureição espiritual de
Israel. O texto encerra proclamando quão grande será este dia quando Deus
derramar a sua graça sobre Jezreel, após este ter sofrido as maldições divinas.
Aplicações Práticas:
1. Diante do período de incredulidade em
que vivemos, nós os jovens (mas também todos os demais), devemos estar atentos
ao que Deus nos ordena a fazer, e fazê-lo sem pestanejar.
2.Deus tem dissipado e confundido a
sabedoria deste mundo, por isso vemos que ele é “Lo Ami”, não é o povo do
SENHOR. Não devemos seguir os passos e caminhos mundanos e nem nos conformar
com eles.
3. Mesmo vivemos em meio a um povo
perverso e iníquo, devemos demostrar o amor divino e a misericórdia divina;
corrijamos e punamos os erros, mas também demonstremos misericórdia e oremos
para que o SENHOR possa restaurá-los. Amém. Soli Deo Glória.
Sermão pregado no domingo pela manhã. no dia 15/05/2022, na Igreja Presbiteriana da Boca do Rio, Salvador-BA.
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Glória a Deus por esta exposição!
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